Avô Teixeira
O meu avô Teixeira é mais do que um avô. Foi o meu companheiro de aventuras, o meu cúmplice de infância, o herói de cabelos grisalhos que nunca recusava um jogo de futebol no quintal.
A nossa baliza era o portão da garagem, gasto pelo tempo e marcado pelas bolas que nele embatiam. E ele, com os joelhos já cansados pelos anos, ocupava o posto de guarda-redes como se estivesse numa final da Champions League. Braços abertos, olhar atento, sempre pronto para defender os meus remates, muitas vezes fingindo que não conseguia apanhar a bola, só para me dar a alegria do golo. O avô Teixeira não precisava de correr para ser o mais rápido, nem de saltar alto para ser o maior. Ele ensinou-me que o futebol não era só sobre ganhar ou perder, mas sobre rir até as pernas doerem, sobre repetir “só mais um jogo” até o sol se pôr.
Hoje, quando passo pelo velho portão da garagem, ainda consigo ouvi-lo a rir, a gritar "Que defesa espetacular!" mesmo quando a bola passava a milhas das suas mãos. Porque mais do que um guarda-redes, o avô Teixeira era o guardião dos nossos momentos felizes. E esses, ninguém os pode tirar.