"Diego, este é El Patrón!"
A história por detrás, do encontro entre Diego Maradona e Pablo Escobar em "La Catedral".
Diego Armando Maradona e Pablo Emilio Escobar Gaviria, foram duas figuras icónicas nos anos 80 e no início da década seguinte. Ambos partilhavam o amor ao futebol e o terrível gosto pelas drogas.
Pablo Escobar além de ter sido o maior narcotraficante da história, era um fanático pelo desporto rei. Apesar da sua enorme ligação com o Atlético Nacional, Don Pablo era na verdade adepto do Independiente de Medellín. Quem afirma isso é Juan, filho do criminoso mais procurado da história da Colômbia, que lançou um livro com histórias sobre o pai em 2015. Enquanto esteve ligado à vida política, Pablo Escobar inaugurou diversos campos de futebol nas periferias de Medellín, tornando-se uma figura bastante popular na cidade, que ganhou até um bairro com o seu nome. No final da década de 80, Pablo Escobar era dono de três clubes na Colômbia: Atlético Nacional, Independiente de Medellín e Envigado. "El Patrón" era acusado de usar os três clubes, para lavar dinheiro e desviar as atenções, sobre os seus lucros com o narcotráfico. Para além da ocultação de bens e ativos financeiros por via do futebol, Escobar interponha-se nas competições de maior relevo do continente. O título do Atlético Nacional na Libertadores de 1989 é até hoje contestado pelos rivais, que acusam Pablo Escobar de ameaçar e oferecer avultadas quantias aos árbitros do encontro. Nessa mesma equipa jogavam grandes jogadores do futebol colombiano, como o guarda-redes Higuita, Andrés Escobar, Pérez, Fajardo, García e Tréllez.
Em 1991, Pablo Escobar acordou com o governo colombiano a sua entrega à justiça, em troca de não ser extraditado para os Estados Unidos. O chefe do narcotráfico colombiano, construiu uma prisão de acordo às suas próprias imposições e preferências, fazendo-a muito mais parecida com um clube, do que com uma prisão comum. Esta prisão contava com diversas regalias pedidas pelo mesmo, como salas de jogos, ginásio, fontes de água naturais e um campo de futebol. Apesar do lugar ter sido apelidado de “Escobar Plaza”, por conta do luxo da construção e dos guardas serem da sua confiança e circularem livremente empunhando as suas metralhadoras, Pablo encontrava-se bastante aborrecido. Para resolver o tédio de estar preso, Pablo Escobar pagava enormes quantias de dinheiro, para algumas estrelas do futebol irem jogar uma “peladinha” com ele na prisão.
No ano em que Escobar esteve preso, um “mediador” disse a Diego Armando Maradona que uma pessoa muito importante da Colômbia, queria pagar “uma enorme quantia de dinheiro”, para jogar uma partida de futebol com ele na “La Catedral”. Anos após o invulgar convite, Maradona confidenciou: “Fui levado para uma prisão rodeada por centenas de guardas. Eu perguntei: que diabos está a acontecer? Eu também estou preso?”. Apesar do susto, o jogador afirmou que a prisão mais parecia um hotel de luxo. Foi então que em pleno regime penitenciário, Maradona conheceu Escobar: “Diego, este é El Patrón”. Curiosamente Maradona não era dado às notícias e não conhecia a pessoa em questão, embora a fama de Pablo Escobar ultrapassa-se as fronteiras dos cafeteros naquele período.
No fim de contas, a partida correu bem e todos divertiram-se no jogo amigável organizado por Don Pablo. Posteriormente, existiu uma festa com “as melhores mulheres” que Maradona já tinha visto na vida. O jogador afirmou não acreditar, como seria possível ter aquele tipo de vida, cumprindo uma pena privativa de liberdade. Após o encontro que marcou o astro argentino, Maradona revelou que Pablo era bastante frio, contudo muito carismático e que o mesmo teria dito que admirava o seu futebol e que identificava-se com o jogador porque, como Maradona, ele também triunfara da pobreza. Um encontro inusitado, que uniu as duas celebridades por via do futebol.