Triste espetáculo?
As gerações futuras estarão dispostas a assistir um jogo de 90 minutos? Como acompanhar o avanço tecnológico e aplicá-lo ao futebol?
Acompanhamos o crescimento de uma geração, que tem problemas em prender a sua atenção. Presenciar o espetáculo do futebol tornou-se monótono e aborrecido, desviando o público mais novo dos estádios. A culpa? O avanço tecnológico.
Na última década e meia, os smartphones revolucionaram o quotidiano do cidadão comum. Pagar uma conta, ver a meteorologia ou simplesmente assistir às notícias do dia, ficou à distância de um mero clique. A forma fácil e rápida de garantir dados e ultimar a perfomance, foi deixando os utilizadores “reféns” do digital e ausentes do meio envolvente. As crianças trocaram os brinquedos comuns por dispositivos eletrónicos: cerca de 49% das crianças com idade entre 0 e 12 anos, possuem um telemóvel próprio para consumo de jogos ou entretenimento. É assustador pensar como num espaço temporal de vinte anos, as crianças deixaram de brincar, socializar e sujarem-se na rua, trocando toda e qualquer forma recreativa de integrarem-se num grupo de amigos, por uma tela de 5” polegadas.
Que futuro terá o desporto rei em Portugal, se a aposta no desporto escolar resfriou e o preço avultado dos bilhetes tira as famílias dos estádios? Como poderá o governo, FPF e Liga de Clubes mudar o paradigma atual?
Gerard Piqué (ex-jogador do Barcelona), em conjunto com Ibal Llanos (streamer espanhol) criou uma liga interativa de futebol 7, denominada de Kings League (ver artigo publicado na página). Desengane-se quem pensa que o principal objetivo não é o retorno financeiro, mas a iniciativa visa criar uma nova forma de ver o futebol. Modernizar o desporto, entender as novas gerações e fazer uma ponte entre o futebol, espetáculo e a tecnologia são algumas das prioridades do ex-defesa espanhol. O sucesso foi imediato e culminou em milhões de visualizações online em variadíssimas plataformas digitais. A final-four do torneio foi jogada no mítico Camp Nou e levou ao estádio cerca de 90 mil pessoas. O sucesso é de tal forma grandioso, que a Kings League terá uma nova versão no Brasil, com Neymar Jr. a liderar a lista de celebridades presentes na prova.
Portugal embora seja um país de primeiro mundo, ainda está a anos-luz da concorrência, no que toca ao entendimento das novas gerações. O futebol pode ser belo, ainda que seja adaptado. Não deixemos o desporto rei morrer.