Um Pontapé para a História

Éric Cantona marcou a década de 90. No limiar entre a genialidade e a rebeldia, encantou os adeptos dos Red Devils.

Éric Cantona pode ser recordado pelos incríveis golos que marcou, pelos sensacionais momentos de inspiração ou também pelas cenas lamentáveis que fazia dentro das quatro linhas. Nenhum outro jogador na história do futebol mundial, derivou de forma tão constante entre a rebeldia e a genialidade pura. Cantona era um génio indomável, que somente Alex Ferguson conseguiu dominar, na maior parte do tempo em que esteve em Manchester.

O dia 25 de Janeiro de 1995, marcou de forma pejorativa a imagem do incrível jogador francês. Enquanto o Crystal Palace e o Manchester United empatavam a uma bola, Éric Cantona, ídolo dos Red Devils, dava um pontapé num adepto que o havia provocado. Nessa temporada, a Federação Inglesa obrigou o jogador a pagar uma multa superior a 15 mil libras, que o proibiu de atuar durante nove meses. Posteriormente, foi novamente multado e proibido de atuar profissionalmente pela FIFA, entidade máxima do futebol. Para além da pena desportiva e das multas aplicadas, foi condenado a duas semanas de prisão pela Justiça, acabando por cumprir 120 horas de serviços comunitários. Como um bom badboy, Cantona além de não se arrepender do fato, ao ser questionado sobre qual foi o melhor momento de sua carreira, ele coloca o mítico pontapé em primeiro lugar:

“Foi quando dei o pontapé de kung fu num hooligan, porque este tipo de gente não tem nada o que fazer num jogo. Acredito que é um sonho para alguns dar um pontapé neste tipo de gente. Assim sendo, eu fi-lo por todas essas pessoas, para que elas podessem ficar felizes.” – Éric Cantona em entrevista à BBC.

Naquela noite, a repercussão da mídia inglesa foi muito negativa. Mas ao contrário da grande maioria, Richard Williams do jornal “Independent“, disse em tom de brincadeira: “O único erro de Éric Cantona foi parar de atingi-lo. Quanto mais descobrimos sobre o Sr. Simmons, mais o ataque de Cantona parecia a expressão instintiva de um julgamento moral sem falhas.”

Por mais que uma agressão seja um ato condenável, os adeptos do Manchester United aumentaram ainda mais a sua idolatria pelo jogador após o ocorrido. Até mesmo no mundo do marketing, a agressão serviu para a Nike usar a imagem de Cantona como o badboy dos relvados. De fato: Cantona era uma lenda pelo seu futebol, mas virou imortal por conta de um pontapé.